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"O amor não vê com os olhos, vê com a mente; por isso é alado, é cego e tão potente"

William Shakespeare

EU MENTIROSO

  • Gabi
  • 1 de nov. de 2017
  • 2 min de leitura

Eu já abracei estranhos,

Já dei dinheiro para mendigos,

Ajudei uma senhora a atravessar a rua

E carreguei suas sacolas pesadas.

Eu me senti bem com isso

Eu já ofereci lugar para mães

Que ainda esperavam seu filho

Ou que já tinham tido logo dois:

Um de três e outro de um ano e meio,

Quando no ônibus

Não tinha assento suficiente.

E eu me senti bem com isso.

Eu já disse que iria ficar tudo bem

E abracei aquele que chorava,

Disse para pensar positivo,

Disse para não se preocupar muito com o amanhã

E viver só o agora.

Viver o agora

Eu já consolei corações partidos.

Os reconstruí, à medida que ia

Me reconstruindo

Re

Cons

Tru

In

Do

Eu já tive vontade de resgatar

Todos os animais da face da Terra

Inclusive os que deveriam ser racionais

E cuidar para termos um mundo melhor

Eu já quis acabar com toda a violência

Bater nos que batem,

Afogar os que afogam,

Matar os que matam

E ir matando a humanidade humana

Eu já quis erradicar a fome

Oferecer, mesmo que fosse, um pão dormido

Porque é um desperdício

Jogar fora alimentos

Por eles só aparentarem

Ser feios.

Ora, eu já vi isso antes.

Eu já quis construir um lugar

Para abrigar crianças sem pais

Sem irmãos

Sem sonhos

E ir dando a elas

Esperança,

Dizendo que tudo iria ficar bem,

Para pensarem positivo, viver o agora.

E eu me sentiria bem com isso

Eu já olhei para alguém

Que se parecia comigo

Olhos, nariz, boca, pescoço, corpo,

E pensei em guardar meu celular

Meu relógio

Meus sapatos

Pensei em me guardar, porque

Ora, ele tem uma cara estranha,

O que será que pode acontecer?

Eu já reservei meus pensamentos só

Para eles serem apenas pensamentos,

Porque o que poderia acontecer

Se caso alguém descobrisse

O que eu penso?

Então eu sorrio e concordo com a cabeça

Eu já ri, ri muito

Quando queria gritar

Quando queria chorar

Ou quando queria apenas dizer

Que a piada não teve graça alguma

Eu já chamei alguém de mentiroso

De hipócrita

De libertino

Quando na verdade

Nenhuma das coisas boas que fiz

Me fazem ser bom

Quando na verdade, nenhuma das coisas boas

Que eu sonho em fazer, talvez, lá no fundo,

Não sejam tão boas

Quando na verdade,

Olhando para dentro de mim,

Vejo um outro alguém dizendo

Que eu deveria fazer coisas boas,

Para fazer as outras pessoas terem certeza,

Que eu sou assim.

E eu me vejo batendo,

Afogando,

Matando

A minha sanidade,

Porque não é mais o que eu sou,

Mas sim aquilo que eu devo ser,

Aquilo que as pessoas querem ver.

E eu continuo lembrando

Das coisas que eu fiz.

Continuo sonhando

Com aquilo que queria fazer,

Mesmo tendo dúvidas sobre a origem

Desses desejos.

Continuo olhando para alguém igual a mim

E pensando se ele agiria como meu amigo.

Continuo sorrindo

E concordando com a cabeça,

Rindo, mesmo a piada

Sendo muito

Ou nem um pouco engraçada.

E eu incrivelmente

Me sinto bem com isso.

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Uma é mais caseira, a outra gosta de se aventurar por aí. Uma sempre tem o que dizer, a outra normalmente não sabe fazer a linha compreensiva. O que têm em comum? Ambas sonham acordadas, e parecem que vivem num mundo só delas. E quando os gostos se misturam, sempre resulta em algo incrível... Ou não!

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