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"O amor não vê com os olhos, vê com a mente; por isso é alado, é cego e tão potente"

William Shakespeare

Sobre: Violência no Rio

  • Gabi
  • 5 de out. de 2017
  • 5 min de leitura

Fala aí, amores! Tudo bom?!


Hoje eu vim aqui trazer uma reflexão para vocês. Ultimamente eu tenho visto muitas notícias sobre assaltos, estupros, tiroteios etc no Rio de Janeiro. Ainda mais quando se abre o noticiário e vê que os casos só aumentam e pioram a cada dia. Tudo isso é muito triste e realmente, quanto mais você vê, mais seu medo de sair na rua aumenta. O pior é saber que não podemos fazer nada a respeito disso.


E foi me baseando nessa situação que eu escrevi esse texto.

Espero que gostem.



"Ele tinha o sorriso mais lindo de todos. Seus olhos diminuíam a medida que os lábios se abriam, revelando dentes alinhados e brancos. Quando ria, parecia que estava despejando a graça para todos os lados, sua risada era contagiante: eu ria mais dele rindo do que da piada em si. Ele tinha a cara do riso.

O abraço dele era simplesmente minha morada: eu me sentia segura, confortável e principalmente, amada. Aquele abraço me fazia sentir feliz quando eu estava triste, e mais feliz ainda quando eu já estava. Ele me apertava como se tivesse medo que eu fosse embora, mas com todo o cuidado do mundo, como se me achasse a peça mais rara de uma coleção de joias. Eu queria que ele soubesse que eu nunca iria embora, e que ele podia estar seguro de que eu não quebraria, porque ele era o motivo das peças dentro de mim se encaixarem tão bem.

Ele era compreensivo, muito compreensivo. Qualquer coisa que me agradasse era um motivo para fazê-lo feliz, e me fazendo feliz, era o que importava. Ele tomava decisões que eram boas para nós, e “nós” era a primeira coisa que ele pensava sempre, em qualquer situação. Entendia meus momentos de carência exagerada, e principalmente de mau humor. Entendia minhas esterias e minha loucura, na verdade ele achava graça disso: achava graça de tudo na verdade, principalmente das coisas bobas que eu falava.

Ele ficava estressado. Sim, como qualquer ser humano. E o interessante disso era que ele não gostava de demonstrar, mas eu sabia. E mais interessante ainda, que mesmo que não demonstrasse, era nos meus braços que ele gostava de ficar quando estava num dia mau. Ele simplesmente deitava no meu colo e parecia precisar dos meus carinhos. Na verdade, nunca entendi muito bem do porquê dos meus carinhos em seus cabelos serem tão importantes, mas tudo bem, se o fazia mais calmo e um pouco mais feliz, não havia problema. E nós ficávamos assim por um longo período de tempo, até que ele decidisse contar o que havia acontecido, e eu me interessava. Sim, porque tudo o que eu queria era que ele ficasse bem de novo.

Ele era ciumento. Muito, até. Ele dizia que “sentia” quando alguém estava com segundas intenções, e quando isso acontecia... Ele não desgrudava de mim um segundo. Não desgrudava de mim em lugares públicos também... na verdade, fazia questão de me exibir, como se novamente, eu fosse a joia mais rara do mundo. Me apresentava para qualquer um que ainda não conhecesse o “nós”. Sinceramente, ele adorava dizer “nós” em vez de “eu e ela”. Ele gostava da minha risada, do meu humor, do jeito que eu falava e da minha presença. Sim, principalmente da minha presença: pedia para eu ficar sempre. E sempre que podia, eu ficava.

Ele sentia saudades. Vez ou outra dizia que queria me ver, queria estar comigo. Dizia que eu deixava seu dia mais feliz (também não entendia isso, porque geralmente, era ele quem deixava meu dia mais feliz). Gostava de me levar para lugares que eu nunca havia ido antes, dizia que adorava quando eu fazia cara de surpresa. Na verdade, ele adorava me fazer surpresas: aparecia quando eu menos esperava, e quando eu mais precisava. Aparecia quando eu simplesmente dizia que estava com saudades. E me levava alguma coisa: desde um doce à um filme para nós vermos.

Ele tinha um beijo inesquecível. O melhor beijo: Nem muito molhado, nem muito seco. Era na medida perfeita. Nossas bocas se encaixavam de uma maneira incrível, como se fossem projetadas uma para a outra. E quando eu o beijava, todas as borboletas do meu estômago decidiam levantar voo. Ele fazia questão de pegar nos cabelos da minha nuca, e quando isso acontecia, eu me derretia em seus braços. Quando ele sorria no meio do beijo então... (sim, aquele sorriso maravilhoso), eu sentia minhas pernas tremerem. Isso acontecia também quando ele mordia meus lábios, e aí sim eu ficava com vontade de puxá-lo para mais perto. Muito mais perto.

Ele era cheiroso. Muito cheiroso! Eu adorava cheirar seu pescoço quando ele estava distraído. E ele se arrepiava com isso. Às vezes eu vestia uma camisa sua só para que seu cheiro ficasse em mim, e mesmo sendo a camisa muito grande, era como se ele estivesse me abraçando. Ele não sabia, mas sempre que procurava uma roupa e não conseguia encontrar, provavelmente estava nas minhas coisas.

Ele era tudo isso e muito mais. Era o motivo da minha alegria todos os dias quando eu chegava em casa. Era meu coração que batia em outro corpo. Ele era a inteligência, amabilidade, compreensão, carinho e cuidado personificados. Ele sabia exatamente o que falar, e quando não sabia, me abraçava. Ele gostava de viajar, era sonhador. Sim, ele tinha tantos sonhos, dizia sempre que iríamos nos casar e teríamos nossos filhos.

Tantos sonhos... Queria logo começar a trabalhar na área que estava fazendo faculdade, queria comprar um carro e já estava pensando em juntar dinheiro para termos nossa casa.

Tantos sonhos... Vivia querendo crescer, tanto profissionalmente como pessoa. Dizia sempre que eu iria ficar uma gravidinha muito linda: “a mais linda de todas”. Ele queria mais da vida.

Tantos sonhos...

Que foram soterrados dentro de uma caixa de madeira, onde foi jogada terra em cima. Que foram acabados no momento que aqueles bandidos decidiram atirar nele, e ele já havia entregado o celular e o dinheiro. Os sonhos que não vão mais ser sonhados por ele, que está morto.

E eu ainda lembro daquele cheiro, da risada e do bom humor. Eu lembro dos planos, das brigas e, agora, lembro muito mais do amor. Porém, as flores que ele ia me levar naquele dia, já murcharam. E as únicas coisas que ficam disso tudo são o sangue, que agora já está seco no meio da rua, as lembranças incríveis de tudo o que a gente viveu e, principalmente, a dor.

A dor que talvez continue sendo dor. Que talvez nunca sare. Que fez uma parte de mim morrer.

A dor de uma perda que eu precisarei carregar minha vida inteira e, que mesmo que o tempo passe, eu nunca vou esquecer, porque o tempo só vai amenizá-la: me fazer conviver.

Eu ainda o quero aqui. Eu ainda acordo no meio da madrugada achando que ele está.

Mas isso não vai mais acontecer.

Porque ele se foi

E não vai mais voltar."

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Uma é mais caseira, a outra gosta de se aventurar por aí. Uma sempre tem o que dizer, a outra normalmente não sabe fazer a linha compreensiva. O que têm em comum? Ambas sonham acordadas, e parecem que vivem num mundo só delas. E quando os gostos se misturam, sempre resulta em algo incrível... Ou não!

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