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"O amor não vê com os olhos, vê com a mente; por isso é alado, é cego e tão potente"

William Shakespeare

Resenha: Revolução em Dagenham

  • Gabi
  • 26 de set. de 2017
  • 6 min de leitura

Acesso:

VERMELHO

(Há spoilers)

O que dizer quando você assiste à um filme esperando que seja entediante e chato, mas no final ele acaba se mostrando muito mais do que você imaginou? Bem, quero lhes apresentar Revolução em Dagenham, um filme sensacional que aborda questões sociais, políticas e econômicas de uma maneira muito inteligente e interessante, fazendo você literalmente viver a história.


Inicialmente, queria deixar claro que eu não sou uma pessoa que estuda diretores de cinema. Não, não estudo. Sou aquela que vê o filme, exclama com as cenas, grita com os personagens e assiste tudo como se eu estivesse lá, mas infelizmente não procuro saber sobre os diretores, o que é uma pena, porque senão já teria virado fã de Nigel Cole há muito tempo.

Com filmes carregados de romance, luta por objetivos e claro, o bom humor, Cole consegue criar algo bem bacana. E não foi diferente com Revolução em Dagenham.






Sinopse: Rita O'Grady (Sally Hawkins) trabalha para a Companhia Ford Motors, em Dagenham, Reino Unido. Cansadas do tratamento que as mulheres recebem na empresa, Rita, junto com as demais trabalhadoras, encoraja e lidera um manifesto contra a discriminação e o machismo.










Primeiramente, queria comentar sobre o assunto que o filme tratou, porque acredito que a sinopse pode tornar a história meio entediante para quem vê pela primeira vez. Enfim, o filme conta sobre um grupo de trabalhadoras da empresa Ford, que começa a reivindicar o reconhecimento que seu trabalho é especializado e melhores salários (iguais aos dos homens). E eis que surge Rita O'Grady (Sally Hawkins) para liderar esse grupo de mulheres.

Essa questão social é bem abordada no filme, mas não maçante, até porque há algumas cenas de humor interessantes. Fica tudo muito leve e descontraído.

Especificamente, falando sobre Rita, ela é a típica heroína que inicialmente não sabe seu potencial de liderança. Ela começa com a insegurança de uma pessoa que nunca fez algo tão ousado quanto enfrentar o Empresariado e o Estado ao mesmo tempo. Suas falas são hesitantes, mas mesmo assim, Rita não desiste do que quer, e esse é seu maior ponto positivo: ela é determinada.

Esse estilo de heroína faz você se identificar e criar uma empatia tão forte, que no meio do filme, quando há algum problema que ela precisa ter pulso firme, você se pega torcendo para que ela supere seus medos e aja conforme deve. E quando isso acontece, a vontade que você tem é de bater palmas (várias vezes gritei “é isso aí, garota!” para a tela do computador).

Agora, sobre as personagens: as mulheres são muito fortes e decididas sobre o que querem. Todas muito parecidas, porque obviamente, estavam lutando por uma mesma causa. Porém, em toda história, há sempre um personagem que você sabe que pode dar algum problema. E nessa ocasião, a personagem é Sandra (Jaime Winstone), que desde sempre sonha em ser modelo e adora as câmeras.

Mas Gabi, e sobre os homens?

Ah, os homens. Nesse filme há dois tipos de homens: os que te fazem rir e os que te fazem querer cometer um homicídio (sério, todas as vezes que um homem tentava diminuir a causa, me dava uma raiva sem igual!) *eu sou meio doida.*

Os homens que nos fazem rir e achar tudo genial são os maridos delas. Porém, preciso confessar que eu fiquei bastante surpresa porque não esperava que os maridos delas fossem apoiar o movimento, e que alegria que eu tive quando descobri que eles além de apoiarem, incentivaram!

Quero destacar aqui o marido de Rita: Eddie O’Grady (Daniel Mays). No filme todo ele foi um homem super divertido, mas a qualidade de compreensivo durou só até a metade do filme, porque como Rita, que estava em greve, começou a ir para muitos eventos e protestar na rua, alguém tinha que ficar cuidando da casa. Quem? Sim, ele mesmo, o marido dela.

Inicialmente você começa a admirá-lo porque ele, mesmo desastrado, está tentando manter a ordem numa casa de um conjunto habitacional, pequena, com dois filhos, sendo que não sabe fazer nem metade que sua mulher faz. Mas ele pelo menos tenta. E é aí que a gente se engana. Aos poucos Eddie começa a ficar distante, talvez com receio de sua esposa tê-lo esquecido, o que é absurdamente normal.

Porém, é aí que você se engana de novo.

Há uma cena quase perto do final em que os dois discutem: Rita está indo para a reunião do sindicato e Eddie decide que é naquele momento que quer falar tudo o que está entalado (tipo eu dando uma de maluca em horas que não devo). Ele começa a dizer que “Eu sou um ótimo marido: sempre fui educado e respeitoso. Nunca levantei a mão para você. Sempre trabalhei e dei o melhor de mim para cuidar das crianças.” E é aí que cena se torna uma das melhores do filme.

Rita simplesmente diz: “Você não acha que é assim que tem que ser?”

E foi nesse momento que eu a aplaudi.

Sim, é assim que tem que ser Rita O’Grady, porque muitas vezes os homens acham que isso os fazem ser os melhores partidos, os melhores maridos, as melhores pessoas. Mas isso, meus queridos, é só o básico. “Isso” é obrigação e ponto. Não significa que você é maravilhoso por fazer o básico, porque é assim que tem que ser.

Mas é óbvio que depois ele se arrepende do que disse e no final e a reconciliação é marcada por uma cena de beijo com um cenário fofo.

Outro homem que eu acho que merece um certo destaque é Robert Passingham (Bob Hoskins). Ele é um dos homens que as ajudam na causa revolucionária. O tempo todo ele está as incentivando a lutar mesmo, a falar mesmo e a reivindicar mesmo. E até quando um dos outros que disseram estar “ajudando” começa a dar para trás, ele não arreda o pé e continua na luta firme e forte. Além disso é um personagem que é bem expressivo: quando Rita falava algo sensacional ele fazia questão de fazer uma feição que demonstrava isso (e como eu adorava, porque era a mesma cara que eu estava fazendo!).

Bem, depois de tanto batalharem para conquistar o mais incrível sonho, elas conseguem que a primeira-ministra se interesse pelo movimento, as chamando para conversar (claro que não foi apenas se interessar, mas também para resolver o problema que toda aquela situação estava causando na Inglaterra). E aí, quero lhes apresentar Barbara Castle (Miranda Richardson): uma mulher extremamente forte, independente e pulso firme. Qualquer constatação óbvia era muito idiota para que ela pudesse considerar. (queria deixar claro que fiquei com pena dos dois assistentes não sei se eram assistentes mesmo que o tempo todo levavam broncas e foras. Eu não conseguia e ria sempre da cara deles, coitados!). Mas ela foi sensacional e pareceu ser a mais sensata de todos aqueles que diziam querer “resolver” o problema.

Por fim, queria destacar Lisa Hopkins, interpretada por Rosamund Pike, que atuou em “Garota Exemplar”. Ela, além de atuar super bem (eu adoro essa mulher), foi uma peça chave para a história, porque quando Rita pensava em desistir, Lisa a incentivou com belas e sábias pala

vras. Sendo ela casada com um ricaço incentivador do sistema Ford de trabalho, não deveria ter sido tão encorajadora para Rita, mas mesmo assim, o fez. E eu achei isso mais que incrível, porque naquele momento não importava posição social e nem dinheiro: era a luta das mulheres por um objetivo em comum.

Bem, eu poderia falar de outros personagens que me irritaram profundamente e outros que eu gostei bastante, mas é melhor eu parar por aqui.

Sobre o filme em si: achei a maneira de abordagem muito bacana, mas... Eu senti falta de umas cenas mais marcantes (ou da atenção que é devida às cenas que deveriam ser marcantes). Eu senti essa falta, não sei explicar. É como se pudesse ter sido melhor, apesar de ter sido realmente bom. CONTUDO, não quer dizer que eu não gostei, muito pelo contrário, o filme é realmente interessante e eu recomendo bastante.

Enfim, é isso, espero que tenham gostado.

Essa foi nossa primeira resenha, então ainda estamos um pouco inseguras, mas mesmo assim esperamos que gostem!

Beijão da Gabi!

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Uma é mais caseira, a outra gosta de se aventurar por aí. Uma sempre tem o que dizer, a outra normalmente não sabe fazer a linha compreensiva. O que têm em comum? Ambas sonham acordadas, e parecem que vivem num mundo só delas. E quando os gostos se misturam, sempre resulta em algo incrível... Ou não!

Ane e Gabi

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